Regresso às Aulas – Cuidados com os Olhos das Crianças – Consultório – Porto Canal
O início de um novo ano letivo é sempre um momento de entusiasmo e de novas descobertas. No entanto, é também uma altura em que muitos pais e professores se deparam com a preocupação e a dúvida de que a criança pode não estar a ver bem. A visão tem um papel central no processo de aprendizagem, visto ser uma modalidade sensorial fundamental para a compreensão, maturação e articulação de funções de linguagem escrita e falada. Problemas visuais não diagnosticados podem facilmente ser confundidos com falta de atenção, dificuldades de aprendizagem ou até desmotivação. Por isso, o regresso às aulas é um excelente momento para refletir sobre a saúde ocular das crianças e, quando necessário, procurar um rastreio oftalmológico.
Entrevista dada à Porto Canal sobre o regresso às aulas na rúbrica — o Consultório:
A importância dos rastreios
- Estrabismo;
- Diferenças de graduação entre os olhos (anisometropia);
- Miopias, hipermetropias ou astigmatismos elevados;
- Doenças menos comuns mas graves, como a catarata congênita.
A recomendação é clara: RASTREAR. A primeira vez, mesmo que não haja antecedentes familiares ou sinais e sintomas aparentes, por volta dos 2 anos.
Assim, não devemos esperar pela entrada na escola para avaliar a visão. Quanto mais cedo detectamos alterações, maior a probabilidade de tratamento eficaz e de evitar perda visual permanente.
Principais problemas a vigiar
- Erros refrativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo): são frequentes e podem justificar a necessidade de óculos. Quando não corrigidos e se significativos, reduzem o rendimento escolar.
- Patologia da superfície ocular: sintomas como prurido, ardor ou sensação de areia nos olhos podem levar à perda de foco e de atenção em sala de aula.
- Estrabismo e visão binocular: o estrabismo não é apenas uma questão estética – pode comprometer a visão em profundidade. A ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”, só pode ser corrigida se for identificada precocemente.
- Postura anómala da cabeça: algumas crianças inclinam ou rodam a cabeça para compensar problemas de visão. Este pode ser um sinal de alerta importante.
- Necessidades na sala de aula: certas crianças beneficiam de se sentar mais à frente ou em posições específicas, o que deve ser comunicado entre pais, professores e médico.
O papel dos hábitos fora da escola
- Excesso de ecrãs: está associado a fadiga visual diária (astenopia), má qualidade de sono e aumento da prevalência de miopia.
- Atividades ao ar livre: brincar no exterior é um dos principais fatores de proteção contra a progressão da miopia.
- Controlo da miopia: já existem hoje medidas eficazes para travar a evolução da miopia, como óculos com tecnologia especial e a utilização de atropina em baixa dose.







