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Regresso às Aulas – Cuidados com os Olhos das Crianças – Consultório – Porto Canal

O início de um novo ano letivo é sempre um momento de entusiasmo e de novas descobertas. No entanto, é também uma altura em que muitos pais e professores se deparam com a preocupação e a dúvida de que a criança pode não estar a ver bem. A visão tem um papel central no processo de aprendizagem, visto ser uma modalidade sensorial fundamental para a compreensão, maturação e articulação de funções de linguagem escrita e falada. Problemas visuais não diagnosticados podem facilmente ser confundidos com falta de atenção, dificuldades de aprendizagem ou até desmotivação. Por isso, o regresso às aulas é um excelente momento para refletir sobre a saúde ocular das crianças e, quando necessário, procurar um rastreio oftalmológico.

 

Entrevista dada à Porto Canal sobre o regresso às aulas na rúbrica — o Consultório:

Video da entrevista dada à Porto Canal sobre o regresso às aulas na rúbrica — o Consultório

 

A importância dos rastreios

Alguns pais (cada vez menos felizmente) pensarão ainda que basta avaliar a visão da criança quando entra para a escola, por volta dos 5–6 anos. No entanto, os estudos e as recomendações internacionais, comprovam que é fundamental começar mais cedo. A visão desenvolve-se exponencialmente nos primeiros anos de vida, e é nesse período que podem surgir problemas que, se não forem corrigidos a tempo, levam a consequências permanentes. Entre as principais causas de ambliopia (atraso no desenvolvimento visual) estão:
  1. Estrabismo;
  2. Diferenças de graduação entre os olhos (anisometropia);
  3. Miopias, hipermetropias ou astigmatismos elevados;
  4. Doenças menos comuns mas graves, como a catarata congênita.

 

A recomendação é clara: RASTREAR. A primeira vez, mesmo que não haja antecedentes familiares ou sinais e sintomas aparentes, por volta dos 2 anos.

 

Assim, não devemos esperar pela entrada na escola para avaliar a visão. Quanto mais cedo detectamos alterações, maior a probabilidade de tratamento eficaz e de evitar perda visual permanente.

 

Principais problemas a vigiar

  1. Erros refrativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo): são frequentes e podem justificar a necessidade de óculos. Quando não corrigidos e se significativos, reduzem o rendimento escolar.
  2. Patologia da superfície ocular: sintomas como prurido, ardor ou sensação de areia nos olhos podem levar à perda de foco e de atenção em sala de aula.
  3. Estrabismo e visão binocular: o estrabismo não é apenas uma questão estética – pode comprometer a visão em profundidade. A ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”, só pode ser corrigida se for identificada precocemente.
  4. Postura anómala da cabeça: algumas crianças inclinam ou rodam a cabeça para compensar problemas de visão. Este pode ser um sinal de alerta importante.
  5. Necessidades na sala de aula: certas crianças beneficiam de se sentar mais à frente ou em posições específicas, o que deve ser comunicado entre pais, professores e médico.

 

O papel dos hábitos fora da escola

O tempo que as crianças passam fora da sala de aula também influencia a saúde ocular:
  • Excesso de ecrãs: está associado a fadiga visual diária (astenopia), má qualidade de sono e aumento da prevalência de miopia.
  • Atividades ao ar livre: brincar no exterior é um dos principais fatores de proteção contra a progressão da miopia.
  • Controlo da miopia: já existem hoje medidas eficazes para travar a evolução da miopia, como óculos com tecnologia especial e a utilização de atropina em baixa dose.

 

Mensagem final

Um simples rastreio pode mudar o futuro e a qualidade de vida de uma criança.
O regresso às aulas é um alerta para nos relembrarmos de que – a altura certa para garantir que todos os alunos têm as mesmas oportunidades de aprender, crescer e desenvolver-se com saúde  visual, é hoje e nunca depois de amanhã.
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