Estrabismo nos Adultos

Estrabismo no Adulto

Clinicamente falamos de estrabismo quando os dois olhos não estão com os seus eixos perfeitamente alinhados, isto é quando apontam em direções diferentes. Um olho pode olhar diretamente para a frente enquanto o outro olho para dentro, para fora, para cima ou para baixo. Existem seis músculos extra-oculares que controlam o movimento do olho; para conseguirmos focar uma única imagem e obter uma visão tridimensional com noção de profundidade, todos os músculos de ambos os olhos devem trabalhar em conjunto e de forma coordenada. É o cérebro, através dos nervos cranianos, que controla estes músculos. O estrabismo afeta a visão de diferentes formas, dependendo da idade em que se manifesta pela primeira vez.

 

Quais as causas de estrabismo nos adultos?

A maioria dos adultos com estrabismo já o tem desde criança, em que etiologia é totalmente diferente e maioritariamente benigna. Já as pessoas que desenvolvem estrabismo na idade adulta, geralmente padecem de uma alteração no cérebro, no nervo ou no músculo do olho. São exemplos:

  1. Patologias sistémicas de saúde como: diabetes, doenças da tiróide (orbitopatia de Graves), miastenia gravis, esclerose múltipla, entre outros distúrbios neurológicos
  2. Acidentes vasculares cerebrais (AVC)
  3. Tumores Cerebrais
  4. Danos aos músculos oculares durante algum tipo de cirurgia ocular

 

Como é que o estrabismo nos adultos afeta a visão?

Numa situação de visão normal, os dois olhos alinhados focam o mesmo alvo. O cérebro combina as duas imagens dos nossos olhos em uma única imagem tridimensional (3-D). É assim que podemos perceber o quão perto ou longe algo está de nós (chamada percepção de profundidade).

Quando um olho está desalinhado, duas imagens diferentes são enviadas ao cérebro. Numa criança pequena, o cérebro aprende a ignorar a imagem do olho desalinhado. Em vez disso, ele vê apenas a imagem do olho diretor. Como resultado, a criança perde a percepção de profundidade, mas não vê a duplicar.

Por seu lado, os adultos que desenvolvem estrabismo após a infância costumam ter visão dupla (diplopia). Isso ocorre porque o cérebro já finalizou o seu desenvolvimento, não sendo o adulto capaz (como acontece na criança) de ignorar a imagem do olho desviado – vê por isso duas imagens desalinhadas.

 

Quais são os sinais ou sintomas do estrabismo no adulto?

O sinal mais óbvio é os conviventes ou os próprios doentes se aperceberem que esteticamente os olhos estão desalinhados ou desviados. Na sua visão o doente pode notar de forma constante ou intermitente:

1. Cansaço dentro ou ao redor dos olhos, ou sensação de “olho preso”
2. Alterações na visão, como visão dupla (ver duas em vez de uma imagem), visão embaçada,

dificuldade de leitura ou perda de percepção de profundidade.
3. Necessidade de inclinar ou virar a cabeça constantemente para ver uma imagem com nitidez.

 

Há tratamento apesar da idade adulta?

Sim há! Mas antes de pensar no tratamento dirigido ao estrabismo, é primordial fazer um diagnóstico certeiro e tratar a causa do próprio estrabismo; uma vez que pode só por si atenuar ou eliminar os sintomas. Caso isso não seja possível na sua plenitude e o estrabismo persista de forma estável pelo menos 6 meses após o seu aparecimento devemos ponderar o melhor tratamento caso a caso:

  • Cirurgia – é o tratamento mais comum. A cirurgia pode melhorar ou devolver o alinhamento dos olhos e ajudar a restaurar uma visão adequada. O oftalmologista procura, intervindo sobre os músculos extra-oculares (os músculos são reposicionados, diminuindo ou aumentando a sua força de acção), melhorar a coordenação motora entre os dois olhos. Mais do que uma cirurgia pode ser necessária. A cirurgia é feita geralmente em ambulatório e sob anestesia geral. No mesmo procedimento pode ser necessário operar um ou os dois olhos. Após a cirurgia de estrabismo, o doente pode voltar à sua rotina diária dentro de alguns dias.
  • Exercícios para os músculos oculares – o tratamento de ortóptica pode ser muito útil em alguns tipos de estrabismo, sobretudo na chamada “insuficiência de convergência”. É uma patologia em que os olhos não se alinham corretamente e de forma estável nas tarefas de proximidade, como ler ou trabalhar no computador.
  • Lentes (óculos) prismáticas – um prisma é uma lente em forma de cunha que proporciona um redirecionamento (refrata) os raios de luz. Um prisma pode ser acoplado aos óculos normais ou como parte integrante da lente. Os prismas permitem corrigir os sintomas, anulando a dupla visão, de estrabismos de pequena dimensão.
  • Toxina botulínica (Botox®) – a injecção deste medicamento nos músculos extra-oculares pode ser usada como adjuvante nas cirurgias – actua paralisando os músculos que impedem o alinhamento correto dos olhos. O efeito pode durar apenas alguns meses ou pode melhorar permanentemente o alinhamento dos olhos.

O acompanhamento por um especialista na área de Estrabismo e Oftalmologia Pediátrica é o mais apropriado pela experiência no diagnóstico e tratamento desta patologia.

 

Fontes:
Academia Americana de Oftalmologia – https://www.aao.org/eye-health/tips-prevention-list;
Associação americana de oftalmologia pediatrica e estrabismo – https://aapos.org/patients/eye-terms

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